A Contagem de Células Somáticas (CSS) e a Contagem Padrão em Placas (CPP), antiga Contagem Bacteriana Total (CBT), são duas ferramentas indispensáveis para os produtores que buscam produzir um leite de qualidade e obter melhores rentabilidades no mercado.
Enquanto a CCS indica se as vacas possuem inflamações, como a mastite, a CPP mensura o nível de bactérias presentes no leite cru. Uma das grandes dificuldades é reduz e manter esses índices baixos para que o leite atenda a todos os requisitos e normas e seja considerado de qualidade.
Confira agora os passos para melhorar esses índices na sua propriedade.
Higiene correta é fundamental para reduzir CSS e CPP
A higiene é importantíssima em todo o processo de produção e impacta diretamente na qualidade do leite, já que está relacionada a altos números de CCS e CPP, além de ser uma das responsáveis por disseminar doenças, como a mastite, pelo rebanho.
Pesquisas apontam que medidas de higiene, inclusive a desinfecção de teteiras entre as ordenhas, reduziram a prevalência da doença de 96% para 47% em propriedades com grande incidência de mastite subclínica.
Além disso, estudos mostraram que 10% dos microrganismos presentes no leite, advinham dos equipamentos. A realização de limpezas e de desinfecções da ordenha pode reduzir em 90% o número de bactérias no leite.
Por isso, é muito importante higienizar e desinfetar todos os equipamentos, entre uma ordenha e outra, e realizar o pré-dipping e o pós-dipping, procedimentos para desinfecção do teto das vacas antes e depois da ordenha.
Importante: para a limpeza dos equipamentos de ordenha deve-se usar sempre água tratada. O uso de água sem tratamento em contato com o leite, ou equipamentos de ordenha, pode aumentar expressivamente o CPP.
Confira o resumo de alguns cuidados e procedimentos importantes para reduzir os índices de CPP e CSS.
Higienização do Ambiente e Equipamentos
- A sala ou local de ordenha deve estar sempre limpo;
- Sempre utilize nas higienizações água potável;
- Após cada ordenha, lavar os equipamentos e utensílios, inclusive as teteiras, com água aquecida, usando os detergentes conforme o manual do fabricante;
- Após o leite ser recolhido pelo transportador, lavar os tanques de refrigeração, usando água aquecida e detergentes adequados
Higiene do Ordenhador
- O ordenador deve sempre usar roupas limpas e luvas;
- Manter as mãos e luvas limpas e desinfetá-las entre as ordenhas.
Cuidado com os animais
- Realizar o “teste da caneca” com os primeiros jatos de leite para observar se há a presença de grumos, sangue ou qualquer outra secreção. Em caso positivo, tratar os tetos que apresentaram problemas e separar o animal.
- Limpar e secar os tetos (pré-dipping e pós-dipping);
- Tratar todos os tetos das vacas secas, visando acabar com a mastite subclínica;
- Evitar qualquer lesão nos tetos;
- Alimentar os animais após a ordenha, para que fiquem de pé até o fechamento do esfíncter do teto;
- Separar do rebanho animais que apresentem a mastite de forma crônica.
Refrigeração é ponto-chave para controlar bactérias
Além da correta higiene durante a ordenha, a refrigeração é fator imprescindível para a boa qualidade do leite. Importante ressaltar que a refrigeração na propriedade leiteira não elimina microrganismos, apenas diminui sua velocidade de multiplicação.
A Instrução Normativa 77 orienta que após a ordenha o leite deve ser imediatamente transportado para o tanque, seja individual ou comunitário, onde será coado e refrigerado à temperatura máxima de 4 °C em até três horas.
Estudos apontam que leites refrigerados em temperaturas entre 4 e 10 °C sofreram alta multiplicação de bactérias, gerando grande potencial de deterioração do leite.
Outro ponto importante é a estocagem do leite na propriedade. A IN 77 dispõe que o tempo entre as coletas de leite nas propriedades rurais não deve ser superior a 48h, pois após esse período há um grande aumento no índice de CPP, indicando a multiplicação bacteriana.
Dados apresentados no Mapa da Qualidade do Leite mostraram a influência da temperatura e o aumento da taxa de multiplicação de bactérias.
No exemplo retratado no gráfico, o leite com contagem inicial de 4 mil UFC/mL pode passar a ter contagem de 120 mil UFC/mL em apenas 48h, se armazenado a 10 °C.
Se, no entanto, a temperatura for de 4o C, a contagem praticamente não se altera em 48h
Já um leite com 39 mil UFC/mL, quando armazenado a 10 °C, por 48h, passará a ter uma contagem de 831 mil UFC/mL.
Lembrando que o limite máximo de CPP do leite cru refrigerado é até 300 mil UFC/mL.
Além dos cuidados na propriedade, é importante que a refrigeração seja mantida em todo processo de transporte e conservação na indústria.
Segundo a IN 77, a temperatura máxima permitida para recebimento do leite no estabelecimento é de 7 °C podendo, excepcionalmente, chegar a 9 °C.
Já na usina de beneficiamento ou fábrica de laticínios o leite deve ser mantido antes da pasteurização a 4,0 °C.
A Importância das Manutenções
Por fim, outro ponto que pode afetar indiretamente os índices de CPP e CSS são as manutenções dos equipamentos. Por isso:
- Faça manutenções preventivas em todos os equipamentos;
- Verifique frequentemente se a temperatura do leite armazenado no tanque está atingindo 4 °C em no máximo 3 horas após o término da ordenha;
- Mantenha os pulsadores em 60 bpm;
- Verifique sempre os níveis de óleo e integridade das correias do motor;
- Siga as recomendações do fabricante com relação à troca de borrachas e mangueiras do equipamento de ordenha (geralmente, o conjunto de mangueiras e as teteiras são trocados a cada 6 meses);
- Mantenha a bomba de vácuo sempre regulada para evitar lesões nos tetos;
- Realize a análise físico-química da água utilizada para limpeza do equipamento de ordenha e tanque de expansão para avaliar o padrão de dureza e turbidez da água.
Seguindo esses cuidados, o produtor conseguirá melhorar a qualidade do leite cru produzido, manter os níveis de CPP e CSS baixos e aumentar seus rendimentos. Contudo, sabemos que o CPP e CSS são apenas alguns dos itens que impactam na qualidade do leite.
No dia a dia, há uma série de detalhes, que muitas vezes não são percebidos pelos produtores ou pela própria indústria, mas que impactam direta e indiretamente na qualidade do leite em todo o processo produtivo.
Por isso, a Prime Milk desenvolveu seu programa de consultoria, o Programa Rende Mais, que diagnostica os problemas específicos do produtor ou laticínio e implanta um plano de ação personalizado.
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